Vaccari



É um sobrenome de origem italiana típico da região de Emilia Romanha localizada ao Norte da Itália.
Vaccari é plural de Vaccaro que é muito comum na Itália e também é encontrado em outras formas como Vaccarini e Vaccarone, porém mais raras. Esse sobrenome ou apelido de família foi designado como proprietário de vacas ou vaqueiro.

Oriundi D'Italia


Em meados do século 19, a Itália passava por um período de grandes problemas econômicos. Sem terra para plantar e fábricas para trabalhar, milhares de homens, mulheres e crianças foram incentivados a buscar o caminho da imigração. Cerca de 60 mil pessoas saíram só da região de Emilia Romanha, entre 1876 e 1920. Da itália toda foram cerca de 1.600.000 pessoas. Isso tudo só para o Brasil. Hoje, os descendentes representam 25 milhões de pessoas em todo Brasil, das quais 10 milhôes estão no estado de São Paulo, onde representam 25% da população. No Brasil está a maior população oriundi fora da Itália.

Genealogia


A forma correta do último sobrenome é "Vaccari", tido como o principal sobrenome da família de acordo com o nome do 'nonno'.
Embora alguns sobrenomes estejam invertidos e com grafias diferentes, nós procuramos digita-los conforme os registros.
Giocondo Tesini Vaccari nasceu em 18 abril de 1873 em Crevalcore, Bologna, Itália. Ele faleceu em 29 março 1956 em Araraquara/SP.
Giocondo casou-se com Maria Olga Righetti, filha de Giuseppe Righetti e 

Beatriz Marsala, em 16 fevereiro 1896 em Canaro, Rovigo, Itália. Olga nasceu em 8 dezembro 1872 em Portomaggiore, Ferrara, Itália. Ela faleceu em 22 março de 1941 em Araraquara/SP.


Os filhos de Giocondo e Olga:

01. Marino Vaccari Tezini (Arsênio)

02. José Vaccari Tezini (Bepim)
03. Ana Vaccari Tezini
04. Maria Vaccari Tezini
05. Antonio Vaccari (Tóni)
06. Olindo Vaccari Tezini (Norato)
07. Lúcio Vaccari
08. Sebastião Tezini Vaccari
09. Benedicto Vaccari Tesini (Dito)
10. Olindo Lucas Vaccari Tezini (Lucas)


Clique na imagem acima para abrir a 
árvore genealógica da família Vaccari.

A viagem


Dos antepassados mais distantes ainda só temos nomes:
- Giuseppe Tesini Vaccari e Palma Strada, pais de Giocondo.
- Giuseppe Righetti e Beatriz Marsala, pais de Olga.
Não temos como dar a eles um rosto ou expressão. Mas na região da Emilia Romagna, no norte da Itália, terra de Giocondo e Olga, ainda há Vaccari, Strada, Tesini, Righetti e Marsala - talvez nossos parentes. Ou, talvez, basta olharmos uns para os outros e reconhecermos algo em comum. Com certeza, gente riga, capaz de enfrentar ventos e tempestades.

NOVO RUMO
Os próprios donos de fazendas contratavam trabalhadores na Itália. As passagens eram pagas pelo governo brasileiro - e pagas com trabalho.O tratamento dado a princípio era semelhante aquela dado aos escravos. Isso gerou protestos do governo italiano, oque fez com que a situação mudasse - um pouco.
Sem perspectiva Giocondo trabalhava como guarda do rio Pó, atento as cheias e vazantes do rio italiano.Um dia, o casal decidiu escolher outro caminho e estabeleceu o Brasil como meta. Para cá vieram no vapor Regina Margheritta, numa viagem que durou cerca de 25 dias.
Como teria sido passar quase um mês no porão de um navio, ao som incessante dos motores?E ao que tudo indica, Olga estava grávida de 5 meses. O casal chegou em fevereiro de 1897 e Arsênio narceu em maio.
Ninguêm sabe onde Arsênio foi registrado. Arsênio, Norato e Lucas tinham nomes "civis" diferentes dos nomes de batismo.
Arsênio (nome civil: Marino) foi batizado na Igreja Matriz de São João da Boa Vista dia 11 de julho de 1897, com o nome de Arsênio Vaccari, filho de Secundo Vaccari e Lamani Righetti. Bepim (José) foi batizado na mesma igreja , com o nome de José, filho de Secundo Tecini e Olga Righetti.
O nome civil do Norato era Olindo - o mesmo do Lucas. Ao entrar na maioridade, Lucas teve de resolver o problema legal. Passou então a ser Olindo Lucas.

ESPÍRITO SANTO DO PINHAL
Do porto de Santos, o casal viajou, com os outros imigrantes, de trem para São Paulo, rumo à Hospedaria dos Imigrantes. Provavelmente, já existia um contrato de trabalho, pois a fazenda de Joaquim Ribeiro, de Espírito Santo do Pinhal, consta como destino do casal na certidão de desembarque. Da Hospedaria dos Imigrantes, o casal partiu para a fazenda, onde viveram por muitos anos. O local de nascimento do filho mais velho, Marino (Arsênio), ainda é uma incógnita. Mas ele foi batizado na igreja matriz de São João da Boa Vista, em julho de 1897, cinco meses após o desembarque em Santos.
São João da Boa Vista era então sede do município. Em Espírito Santo do Pinhal Giocondo e Olga trabalharam e tiveram seus filhos José (Bepim), Ana, Antonio, Maria, Olindo (Norato), Lúcio e Sebastião. Os dois outros filhos, Benedito e Lucas, foram registrados em Itapira.

Terras no Brasil


Não se tem muita notícia sobre a vida da família nesse período. Giocondo chegou a administrador da fazenda em que trabalhava. Com esforço do trabalho da mulher e dos filhos, conseguiu adquirir terras na região de Araraquara.

SANTO ANTÓNIO DAS CABACEIRAS
A Fazenda Santo Antonio, chamada Cabaceiras, é fundamental na história da família. Giocondo e Olga, com seus filhos e filhas, para lá mudaram-se por volta de 1924. Assim, 27 anos depois de pisar em seu novo país, o casal estava em seu próprio chão. Ali, a família deu continuidade ao que tinha aprendido em Espírito Santo do Pinhal – plantar café. Além disso, mantinha roça para o consumo e criava gado.
Os filhos fizeram inúmeras viagens a Santos, para despachar a produção para o exterior. Nessas viagens, visitavam duas famílias com as quais Giocondo e Olga haviam travado conhecimento na longa viagem da imigração: os Tirelli (Eva Tirelli foi madrinha de Sebastião, com cuja família sempre manteve contato) pois foram os que se estabeleceram na 25 de março de São Paulo.
Arsênio chegou casado à fazenda, de onde saiu mais tarde rumo a outra cidade. Os outros filhos moraram na fazenda até se casarem e procurarem outros caminhos. Sebastião e Lucas, juntamente com a filha Ana, foram os que mais tempo permaneceram na fazenda. Sebastião, viúvo, casou-se novamente em 1951 e em 1953 partiu para a cidade grande.

ARARAQUARA
Olga sempre foi descrita como muito rigorosa e também muito religiosa. O rigor era demonstrado de muitas formas. Na aparência sisuda. No porte ereto. Na exigência. Quando trabalhava na fazenda, em Espírito Santo do Pinhal, não fazia diferenças entre seus próprios filhos e os do patrão. Qualquer traquinagem ou desobediência era punida com vara. A religiosidade transparecia de muitas formas. Dava aulas de catecismo. Fazia sacrifícios para não perder a missa aos domingos. Na sua própria fazenda, fez questão de construir uma igreja, dedicada a Santo António, santo de devoção da família, talvez porque Pádua fique próxima de Canaro. Não foi por acaso que a casa de cidade foi comprada em Araraquara, a poucos metros da igreja de Santa Cruz. Com a morte de Giocondo e de Olga e com a venda da fazenda, a casa de Araraquara tornou-se uma espécie de centro da família. Ali vivia Ana, a tia solteira, por todos querida. Na cidade, também se estabeleceram Benedito e Lucas. Os outros filhos espalharam-se pelo estado.

A FESTA
Olga e Giocondo estabeleceram nas Cabaceiras uma festa anual em homenagem a Santo António.

A ESCOLA

Embora fossem pessoas simples, Giocondo e Olga de alguma forma estavam de acordo com os avanços do seu tempo. Fizeram com que todos os filhos estudassem até o 4º ano primário e construíram uma escola para os filhos dos empregados da fazenda. Por isso, em 1994, o Estado de São Paulo prestou homenagem a Giocondo, dando seu nome a uma escola:

Grafias do sobrenome

Fruto do descaso de escrivães ou da dificuldade de compreender o italiano ou o português arrevezado dos imigrantes, a grafia dos sobrenomes e a ordem deles varia de filho para filho. 
O nome correto do nonno era Giocondo Tesini Vaccari e a escrita dos sobrenomes se diversificaram em:
Tesine - Tesini - Tezine - Tezini - Vacare - Vacari - Vaccari
 


Na época também devia ser difícil entender o nome Giocondo. Muitos diziam Segundo ou Secundo – e é por esse nome que ele aparece no livro de batismo do filho Marino.
Outro problema decorria do costume de registrar a criança com um nome e batizar com outro, dedicado ao padrinho ou ao santo do dia.
 

O filho mais novo, registrado Olindo e batizado Lucas, descobriu um dia que tinha um homônimo na mesma família – seu irmão, também Olindo, chamado Norato.
Com muito esforço, Lucas conseguiu mudar seu nome para Olindo Lucas.